domingo, 9 de setembro de 2012

uma 2ª visão parte 1

Em O sertão vai virar mar, o autor, Moacyr Scliar, faz uma releitura e revisão de um dos fatos mais marcantes de nossa história contemporânea: a saga de Antônio Conselheiro e os trágicos acontecimentos de Canudos. O autor, com muita propriedade e técnica literária, desenvolve um enredo, usando adolescentes de uma escola para mostrar, de uma forma bem mais simples do que a usada por Euclides da Cunha em Os Sertões, a grande tragédia ocorrida no sertão baiano.

Para esta releitura, Scliar narra a história de um grupo de alunos que vai promover o julgamento de Antônio Conselheiro na semana cultural da escola e recebe o auxílio do professor de História, que lhe apresenta o livro de Euclides da Cunha. Encantados pela maneira como o povo do sertão é descrito, os estudantes “devoram” o livro.

O Sertão Vai Virar Mar é agitado por dois eventos que dão suspense à trama. Primeiro, os jovens conhecem Zé, um menino misterioso que sabe tudo sobre Os Sertões. Em seguida, toda a cidade é abalada com a chegada de Jesuíno Pregador, que arrebanha milhares de fiéis em uma favela. O fato logo chama a atenção dos poderosos da cidade, que pressionam a polícia a reprimir o pregador.

Enquanto Euclides da Cunha, com seu português clássico, bem acima da média popular, faz uma descrição jornalística rica em detalhes e pormenores, mostrando perfeitamente como é o sertanejo e seu habitat, Moacyr Scliar, de uma maneira mais acessível ao público juvenil, narra os mesmos fatos, dando maior ênfase à mensagem a se extrair da história, e menor destaque aos detalhes dos acontecimentos. Estas duas obras escritas em épocas tão diferentes tratam da mesma trama de maneiras bem diversas, mas a adaptação mantém a essência da original, conta a mesma história, só que contextualizada na realidade das personagens de O sertão vai virar mar. Nesta, o autor recria um beato com as mesmas características religiosas do beato de Euclides da Cunha, inserido na época em que se passa a trama da história adaptada. Scliar ainda coloca no enredo um filho adolescente do religioso, fazendo parte do grupo de estudantes que estudará e discutirá Os Sertões durante o desenrolar da história.

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