domingo, 9 de setembro de 2012

uma 1ª visão parte 1

A cidade de Sertãozinho, embora ainda de tamanho modesto, já apresentava algumas comodidades que desenvolvimento econômico traz, lá havia algumas indústrias e um shopping, por exemplo. Elementos bastante diferentes do que a memória da Guerra e do que se imagina quando se ouve a palavra Sertão, que é dor, tristeza, fome e miséria. Como a intenção do livro "O Sertão vai virar mar" de Moacir Scliar é fazer uma leitura da obra de Euclides da Cunha, "Os Sertões" - que narra os fatos sobre a Guerra de Canudos - as histórias da Guerra e de "Sertãozinho", na narrativa, são cronologicamente paralelas. Na verdade, os eventos narrados na imaginária cidade de "Sertãozinho" são um meio didático de se interpretar as razões, os acontecimentos e as consequências da Guerra de Canudos. Em razão disso, entre outros aspectos, a história tem início em uma típica escola privada da classe média.
Nela as personagens centrais Gui, que é o narrador, Martinha, Queco, Gê, Cíntia e Zé, colegas da escola, receberam a tarefa de fazer um debate sobre "Os Sertões". Esse debate fora motivado pela importância da obra, pelo fato de "Sertãozinho" estar próxima à antiga Canudos e, sobretudo, porque surgira na cidade um pregador chamado Jesuíno, que estava reunindo, principalmente a população pobre, a sua volta. É como se a história de Canudos de alguma forma retornasse. Esse retorno trazia enormes preocupações para todos de "Sertãozinho", já que o fim de Canudos fora trágico. O debate sobre "Os Sertões" seria feito através de um "júri simulado", que é uma técnica pedagógica que consiste em se escolher um tema que é debatido por alunos divididos em equipes. Os alunos apresentariam os pontos de vista sobre o tema.
A intenção do "júri simulado" é fazer com que os alunos desenvolvam a sua capacidade de argumentação. No caso dos colegas de "Sertãozinho", a escolha da obra para o debate é a opção de por em questão a Guerra de Canudos. Como fatos semelhantes, que antecederam a Guerra, estavam acontecendo em "Sertãozinho", portanto, realizar o debate era entender o passado para compreender o que acontecia no presente. Desta forma, os alunos teriam que ler "Os Sertões" para poder preparar o debate. No momento, em que os colegas de escola estão reunidos para ler e discutir "Os Sertões", Moacir Scliar os utiliza para desenvolver as leituras sobre a obra de Euclides da Cunha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário