domingo, 9 de setembro de 2012

uma 1ª visão parte 2


Apresentar os fatos históricos, as opiniões da época, as trágicas consequências da Guerra, as observações de Euclides da Cunha, ou seja, autor cria um presente que serve de paralelo e janela para compreensão do passado. Em meio às agitações que ocorriam em "Sertãozinho", promovidas pelo Jesuíno Pregador, no bairro pobre do Buraco, os colegas reúnem-se para produzir o seu trabalho escolar. Ora na casa de um, ora na casa de outro, os garotos esforçavam-se para ler e compreender tanto a difícil linguagem de Euclides da Cunha quanto as razões pelas quais aquele evento tivera um destino tão drástico. Nesses momentos, Moacir, inclusive, faz citações literais de "Os Sertões".
Em razão das dificuldades oferecidas pela leitura o grupo, a princípio, não avança muito. Contudo, a entrada no grupo de um aluno recém chegado à escola, de outra cidade, Zé, muda essa situação. É um garoto recluso, fechado, que, por isso, provoca a curiosidade dos colegas. Gui descobre através do professor que organizava o debate, Armando, que Zé é um garoto pobre que mora no Buraco. Estuda no colégio de classe média graças a uma bolsa, que conseguira em virtude de seu esforço e boas notas. Zé é um entusiasta da obra de Euclides da Cunha e se insere no grupo dando-lhe o dinamismo de que ele precisava.

A situação se agrava em "Sertãozinho", pois Jesuíno, cada vez mais, atrai pessoas para o bairro do Buraco. O local cresce diariamente com pessoas vindas até de outros municípios. Os representantes do poder de "Sertãozinho" vêem com muita preocupação e desconfiança tudo aquilo. Toda aquela gente seguindo, quase que cegamente, um homem que consideram santo. Um conflito de nefastas consequências se armava, semelhante ao que havia acontecido no tempo de Antônio Conselheiro. Canudos era no seu auge, ao final do século XIX, a segunda maior cidade da Bahia, ficando atrás apenas da capital, Salvador. Para lá seguiram toda sorte de desesperançados acompanhando Antônio Conselheiro, homem que havia vagado pelos sertões do Nordeste construindo igrejas, reformando muros de cemitério, organizando novenas e, sobretudo, pregando.
Após um saque a algumas lojas do comércio de "Sertãozinho", os empresários locais exigem medidas das autoridades. O mais pressionado a tomar uma atitude é o Delegado, pai de Gui. Narrado como homem sério e sereno, tenta evitar a tomada de medidas muito duras, que não resolveriam o problema, mas o tornaria pior. Porém, percebe que é preciso adotar alguma medida, antes que a situação fuja ao controle. De forma diferente acontecera em Canudos. Os donos de terra da Bahia e de estados vizinhos exigiram do recém implementado Governo Republicano medidas para desmobilizar aquela população. A permanência daqueles sertanejos em Canudos esvaziara a mão-de-obra da região. Naquele tempo os latifundiários, em virtude de sua incapacidade de resolver a questão pediram providências ao Governo Republicano, sediado no Rio de Janeiro. As leituras de "Os Sertões", com a ajuda Zé, iam bem até que ele desaparece depois de ver uma reportagem sobre uma grande passeata organizada pelo Jesuíno Pregador.
Gui descobre que a consternação de Zé era mais profunda. Não se resumia ao fato de Zé ser do Buraco, centro das pregações de Jesuíno. Zé era filho de Jesuíno e este havia ido para "Sertãozinho" a procura do filho. A razão de Jesuíno tornar-se um beato foi após um colapso nervoso em consequência da perda de sua pequena propriedade, desapropriada para a construção de uma represa. O outro beato, Antônio Conselheiro, também, havia tido graves problemas pessoais, uma disputa com uma família rival a sua e um casamento infeliz, que terminou de forma vergonhosa para ele, com a fuga da esposa com um soldado de polícia. Gui e alguns amigos chegam a ir ao Buraco, na tentativa de encontrar Zé.

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